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17/10/2024
Vida e Juventude: 25 anos de história tecida a muitas mãos e corações
Por José Ivaldo Araújo
A história do Centro Popular de Formação da Juventude - Vida e Juventude nasce da experiência comunitária de um grupo de jovens da Pastoral da Juventude de Samambaia, que realizavam projetos voluntários em defesa da vida das juventudes e sentiram a necessidade de se organizar juridicamente para fortalecer essas iniciativas por meio da captação de recursos em organismos nacionais e internacionais.
Primeiros Projetos: Alfabetização de Jovens e Adultos
Entre os primeiros projetos elaborados pelos jovens estava a alfabetização de jovens e adultos. Na ocasião, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil -CNBB, estava com o tema da Campanha da Fraternidade: Fraternidade e Educação. Os grupos se reuniam semanalmente na casa da família dos jovens para os Círculos Bíblicos sobre o tema da CF. Em um desses encontros, foi pedido que o anfitrião da casa fizesse a leitura bíblica, e ele respondeu dizendo que não sabia ler.
Mobilizado por essa situação, o grupo decidiu elaborar um projeto para ajudar a mudar a realidade daquele senhor e de muitas outras pessoas que conheciam. Para elaborar, apresentar o projeto e firmar parcerias, foi criado o NEPS (Núcleo de Educação Popular de Samambaia). O Setor Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e o Centro Paulo Freire de Educação de Adultos - CEPAFRE apoiaram o projeto, oferecendo formação para os jovens alfabetizadores. Foram criadas cinco turmas de alfabetização de jovens e adultos em Samambaia Sul. Ao final do projeto, os alfabetizandos receberam certificado de conclusão emitido pela CNBB.
Grupo de Estudos para o Vestibular
Posteriormente, foi criado o Grupo de Estudos para o Vestibular, também conhecido como GREVE. Esse foi um dos projetos mais marcantes na história de Samambaia. A ideia era incentivar os jovens do último ano do Ensino Médio de escolas públicas da região a "fazer greve" de algumas atividades (como saídas, televisão e ócio) e focar nos estudos para os vestibulares do DF.
O projeto contou com o apoio de professores voluntários que atuavam no Centro de Ensino Médio 304 de Samambaia. As aulas eram realizadas na Creche da Paróquia Santa Luzia, de segunda a sexta-feira. As apostilas eram feitas a partir de cópias de conteúdos das disciplinas, e o custo da reprodução era dividido entre os jovens e parceiros. Em cinco anos, mais de 60 jovens foram aprovados em diversos vestibulares do DF, como UnB, UCB, UPIS, Faculdade da Terra, entre outras.
Diversidade Religiosa Projetos Culturais e Direitos Humanos
Em seguida, o Vida e Juventude desenvolveu um projeto voltado para comunidades ciganas, por meio da publicação de uma cartilha e de um vídeo sobre "Diversidade Religiosa e Direitos Humanos", distribuídos em todo o Brasil pelo Ministério dos Direitos Humanos. O projeto também previa a criação de placas de identificação para essas comunidades, evidenciando a legalidade de sua existência e enfatizando o respeito à sua cultura.
A Paixão do Cristo Negro de Samambaia também contou, por alguns anos, com a parceria do Vida e Juventude, que captava patrocínios e investia nas despesas relacionadas a cenário, figurino e no curso de teatro. Esse projeto motivou muitos jovens a ingressarem no ensino superior nos cursos de artes cênicas, tanto na Faculdade Dulcina de Moraes quanto na UnB.
Depois do projeto com as comunidades ciganas, o Vida e Juventude foi convidado a participar do Edital do Programa de Proteção a Vítimas e Familiares de Vítimas Ameaçadas - PROVITA. Esse projeto foi um piloto para a instituição, que, pela seriedade com que sempre atuou, foi qualificada a participar de outros programas, como o Centro de Atendimento a Vítimas de Violência - CEAV, Programa de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte – PPCAAM e Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos – PPDDH.
Outras Iniciativas e Desafios de Sustentabilidade
Várias iniciativas voltadas para o público jovem também foram realizadas. Entre elas, destaca-se o projeto “Outras Expressões, Novas Atitudes”, que visava a formação para a cidadania de adolescentes e jovens egressos do Sistema Socioeducativo. Além disso, o projeto “Tecendo Vida e Cidadania” capacitou jovens do ensino médio público para atuar no mercado de trabalho, abordando temas como atendimento surpreendente, empreendedorismo, mediação de conflitos e comunicação não violenta.
O engajamento da instituição com a defesa e promoção dos Direitos Humanos reflete a vocação e militância dos sócios fundadores, muitos dos quais ainda estão ativos nas ações do Vida e Juventude. Houve momentos em que os sócios questionaram a continuidade do propósito e da missão, devido à dificuldade de garantir a sustentabilidade da instituição.
Embora os convênios federais custeiem despesas das equipes e ações, legalmente não podem cobrir despesas operacionais da organização. Para superar esses desafios, foram criadas rifas e campanhas de doações, que, além de angariar recursos, mobilizaram parceiros para continuar a construção de um mundo melhor.
Reflexão e Gratidão pelos 25 Anos
Nestes 25 anos, há muito o que celebrar, pois o Vida e Juventude nunca desistiu de seu ideal, aprendido desde a Pastoral da Juventude: de que o mundo deve ser melhor depois da nossa passagem. Esse legado de engajamento mobilizou pessoas no DF e em todo o Brasil, que dedicam suas vidas à causa da preservação da dignidade humana e do planeta, nossa casa comum.
A história do Vida e Juventude é tecida por muitas mãos e corações e não termina aqui. A cada ano, a instituição continua encantando pessoas com sua missão de “contribuir com o protagonismo de jovens, mulheres e lideranças de povos e comunidades vulnerabilizadas, visando à defesa e promoção dos direitos humanos, para a transformação social e o Bem Viver”.
Gratidão, Vida e Juventude, por fazer parte da minha história e da de tantas pessoas pelo Brasil afora.
José Ivaldo Araújo de Lucena - Sócio fundador do Vida e Juventude
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Assessoria de Comunicação (ASCOM)
Vida e Juventude
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