Povos indígenas mobilizam o país na 21ª edição do Acampamento Terra Livre
- ASCOM
- 17 de abr.
- 3 min de leitura
17/04/2025

Em sua 21ª edição, o ATL reúne povos de todo o Brasil em defesa dos territórios, contra o marco temporal e pela justiça climática.
De 7 a 11 de abril, ocorreu em Brasília a maior mobilização indígena do Brasil. O Acampamento Terra Livre (ATL) reuniu mais de 7 mil indígenas, de 150 povos de todas as regiões do país, em uma intensa programação de marchas, plenárias e rodas de diálogo que reafirmaram a resistência e a centralidade dos povos originários na luta pela justiça socioambiental.
Organizado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), o ATL 2025 teve como tema "APIB somos todos nós: Em defesa da Constituição e da vida", celebrando duas décadas de articulação nacional do movimento indígena e reforçando seu protagonismo diante de um cenário político de retrocessos, violações de direitos e da urgência da crise climática.
Ao final da mobilização, foi divulgada a Carta Final do Acampamento Terra Livre 2025, documento coletivo que expressa as vozes, denúncias, demandas e propostas dos povos indígenas do Brasil. O texto reforça o papel do ATL como espaço de articulação política e denuncia a continuidade dos ataques institucionais, o avanço da extrema-direita e a crise climática.
“Somos guardiões da Mãe Terra e da Democracia”, afirmam as lideranças indígenas na carta. A mobilização criticou duramente a Câmara de Conciliação do STF, criada sem participação indígena, e exigiu a declaração de inconstitucionalidade da Lei 14.701/2023, além do arquivamento imediato das propostas anti-indígenas em tramitação no Congresso Nacional.

As marchas realizadas nos dias 8 e 10 ocuparam as ruas da parte central de Brasília de forma pacífica. No entanto, o último ato foi marcado pela repressão policial. A deputada federal Célia Xakriabá e dezenas de indígenas foram atingidos por gás de pimenta, lançado por policiais militares enquanto se dirigiam ao gramado do Congresso Nacional. A carta relata a violência e denuncia o racismo político sofrido pelas lideranças. “As forças de segurança, que deveriam proteger os povos indígenas, são as mesmas que nos assassinam em nossos territórios e ainda não concebem que indígenas possam ser eleitos para aldear o Congresso Nacional”, diz o documento.
Outro marco da edição foi o lançamento da Comissão Internacional Indígena para a COP30, espaço de articulação global que busca garantir a participação direta e o protagonismo dos povos originários na conferência do clima, que será realizada no Brasil, em novembro. A meta de credenciar mil lideranças indígenas na Zona Azul é simbólica e estratégica. “Mais do que um número, essa presença é símbolo de retomada, de presença e de poder”, pontua a carta.

O documento também reforça a importância dos saberes ancestrais no enfrentamento da crise climática: “Nossa ciência e sistema ancestral, expressa na agroecologia, nas economias indígenas e na gestão coletiva dos territórios, preserva a biodiversidade, todas as formas de vida e sustenta sistemas alimentares saudáveis e equilibrados.” Por isso, os povos exigem a retomada imediata das demarcações de todas as terras indígenas como política climática efetiva, bem como financiamento direto para a proteção e Bem-Viver.
O Vida e Juventude acompanhou de perto os debates, marchas e atividades do ATL 2025, reafirmando seu compromisso com a defesa intransigente dos direitos indígenas, a demarcação dos territórios e a valorização dos modos de vida dos povos originários. Em tempos de retrocessos e violência institucional, seguimos juntos na luta por justiça, democracia e futuro para todas, todos e todes.

“Nossa luta é pela Vida, pela Mãe Terra, pela Constituição e pelo futuro de toda a humanidade.”
— Carta Final do ATL 2025
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ASCOM - Vida e Juventude
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