12/09/2024
Foto: Natália Teles
Grito dos Excluídos, Excluídas e Excluídes ecoa em Brasília com temas de justiça social e direitos humanos
No dia 7 de setembro, a 30ª edição do Grito dos Excluídos e Excluídas aconteceu em várias capitais do Brasil com o lema "Todas as formas de Vida Importam, mas quem se importa?". Em Brasília, o evento, realizado na Praça Zumbi dos Palmares, destacou a defesa da vida, dos direitos humanos e da justiça social.
Organizado pelo Coletivo do Grito dos Excluídos, Excluídas e Excluídes do DF e Entorno, composto por mais de 40 organizações, o movimento reafirmou seu compromisso com a defesa da vida em todas as suas formas e propôs uma reflexão sobre a indiferença diante das múltiplas formas de exclusão.
Foto: Natália Teles
Gritos de Luta e Resistência no Centro da Capital Federal
O evento iniciou com a roda de capoeira do grupo do Mestre Manoelzinho de Arapoanga, na sequência representantes dessas organizações abordando diversas pautas de luta e denunciando as múltiplas formas de violência e opressão sofridas por grupos marginalizados, perpetuadas por estruturas sociais, econômicas e culturais de exploração. Foram levantados temas como "Vidas das Mulheres", "Vidas Negras, Quilombolas e Pessoas com Deficiência", "Vidas das Juventudes", "Vidas Migrantes e Refugiados", "Vidas das Mulheres Periféricas", "Vidas LGBTQIAPN+", "Diversidade Religiosa", "Vidas dos Trabalhadores e Trabalhadoras", "Vidas dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis", preservação do meio ambiente e o direito à saúde e à educação.
Foto: Natália Teles
A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) também participou do ato, propondo uma reflexão sobre as lutas populares, as políticas públicas e enfatizando o Grito como um movimento social importante, diverso e plural. "Este é um grito que se faz sinfonia, sinfonia de todas as lutas, de todos os sons, sinfonia de todos os corpos e de todas as cores. E estamos aqui para dizer: todas as formas de vida importam", afirmou a deputada.
Foto: Natália Teles
No segundo momento, as/os participantes seguiram em caminhada até a plataforma superior da rodoviária de Brasília, conduzidos pelo ritmo do grupo de percussão Batalá. O encerramento ocorreu com uma apresentação do Laboratório de Teatro e Reforma Agrária (Latera), que abordou as relações de trabalho e a mobilização coletiva na luta por direitos.
Valnides Santos, professora e integrante do Coletivo de Mulheres: Anas e Outras, e uma das coordenadoras do evento, destacou os desafios e a importância da construção coletiva do Grito: “Participar da construção e realização da 30ª edição do Grito dos Excluídos este ano no DF foi uma experiência desafiadora, mas também muito significativa. Primeiro, porque fomos agregando muitas pessoas e organizações populares que, na vida cotidiana, acabam lutando separadas; o Grito uniu essas pautas. Em segundo lugar, porque o Grito se consolidou ao longo de 30 anos como um espaço de visibilidade e expressão para os mais vulneráveis, suas necessidades e direitos. Este ano, em especial, o Grito foi também pela Mãe Terra, pelas águas, pelo planeta. Precisamos mudar nossa relação exploratória com a natureza para garantir a vida. Tudo isso faz do Grito um processo coletivo de aprendizado. Para mim, é uma profecia: denunciamos um sistema que explora e subalterniza, mas também anunciamos o Brasil que queremos. Não haverá independência verdadeira enquanto houver vidas sendo violadas em seus direitos. Eis o nosso grito: Todas as Vidas Importam!”
Foto: Natália Teles
Fabiano Romes, vice-presidente do Vida e Juventude e membro da coordenação do evento, ressaltou a importância da retomada do movimento em Brasília: "A retomada do Grito dos Excluídos/as/es no Distrito Federal foi importante para fazer ecoar a voz das causas sociais do DF e do entorno, em defesa dos marginalizados/as/es da sociedade. Agradecemos o engajamento das mais de 40 entidades que, desde julho, se reuniram para planejar e organizar coletivamente este evento. É fundamental que essa mobilização não pare; precisamos continuar convidando outras organizações a participar conosco, não só do Grito mas também de outras atividades em defesa da Vida . O fortalecimento entre nossas entidades é imprescindível para exigir direitos e fortalecer a luta contra todas as formas de exclusão."
Rozana Naves, professora e nova reitora eleita da Universidade de Brasília (UnB), destacou a importância do Grito para dar visibilidade às pautas de grupos historicamente silenciados e a necessidade de diálogo entre a universidade e a comunidade: "É um movimento muito importante para que as vozes dessas populações, que muitas vezes são minoritárias, mas que constituem grande parte da população brasileira, sejam ouvidas. No nosso programa para a Universidade de Brasília, essa escuta ativa da comunidade é central, pois entendemos que é fundamental para a manutenção e defesa da democracia. A democracia se faz com a voz de todos."
Foto: Natália Teles
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Três Décadas de Mobilização
Em 2024, o Grito dos Excluídos e Excluídas completa 30 anos, consolidando-se como uma das principais manifestações populares do Brasil. Iniciado em 1994, durante a 2ª Semana Social Brasileira promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o movimento se firmou como uma voz ativa na defesa dos direitos dos marginalizados e na promoção de uma sociedade mais justa e igualitária.
O Grito é uma manifestação popular que reúne pessoas, grupos, entidades, sindicatos, coletivos, igrejas e movimentos populares comprometidos com as causas dos excluídos/as e marginalizados/as, orientado pela transformação social por meio da organização, educação popular e lutas nas ruas.
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